Janeiro'20
“Don’t compete, Contribute”. Uma frase que ouvi num podcast norte americano que me pôs a refletir.
A natureza humana é naturalmente competitiva. É a lei da sobrevivência, está inscrito no nosso ADN. De alguma forma é o nosso eu competitivo que nos faz avançar, querer ser melhor.
Todos nós somos motivados pelo medo, quer tenhamos consciência disso ou não. No entanto hoje em dia precisamos de tirar um minuto para refletir onde está realmente a raiz do nosso medo. Muitos de nós temos as nossas necessidades básicas preenchidas. Temos um teto, comida, segurança... Então porque continuamos a ser tão motivados pelo medo?
Pensemos na seguinte situação: quando estamos prestes a entrar em palco. Estamos quase a entrar no palco que sempre sonhámos pisar. Os nervos, aquela adrenalina miudinha, as borboletas na barriga disparam. Porque apesar de não termos razão para sentirmos medo (não estamos em perigo de vida) o nosso corpo responde como tal. Por vezes a resposta é tão avassaladora que pensamos “Porque me meti nisto? Quero desistir”. E por vezes esta resposta nos limita na entrega de nós mesmos ao público. No entanto quando conseguimos dominar estas reações químicas, acontece a tal “magia” e sentimos que estamos a fazer algo de importante, de significativo. E não há melhor sensação para um bailarino.
Não sou contra concursos, competições e coisas que tal. Acho-os óptimos para desenvolvermos a nossa dança, traçar metas e crescer. Não é este “competir” que falo.
A dança é uma arte. E arte acima de tudo é partilha. A arte que realmente toca um público é crua, autêntica. Autenticidade é o que devemos buscar e não máscaras e fachadas que acreditamos que nos servirão melhor.
Proponho, a mim mesma inclusive, despirmos-nos do medo, das inseguranças e criar de forma vulnerável e generosa . Criar laços verdadeiros na nossa comunidade, criar e partilhar este amor que temos por esta dança. O nosso amor pela arte. .. e é esta a minha premissa para 2020 :)